O cristão de duas caras


Uma das palavras mais difíceis de lidar com ela por par dos "EVANGÉLICOS" é "INTEGRIDADE". Viver uma vida irrepreensível diante da sociedade e principalmente diante de Deus é algo que não atrai os modernos crentes do século XXI. Esta palavra é muito usada e citada nos meios políticos, nos programas de candidatos a um cargo na vida publica e até nas igrejas. Mas qual é o seu verdadeiro significado? Vejamos.

"INTEGRIDADE" vem do latim "INTEGRITATE", significa a qualidade de alguém ou algo ser íntegro, de conduta reta, pessoa de honra, ética, educada, imparcial, brioso, pundonoroso, cuja natureza de ação nos dá uma imagem de inocência, pureza ou castidade, o que é íntegro, é justo e perfeito, é puro de alma e de espírito. "INTEGRIDADE" na raiz significa "INTEIRO". Um ser humano íntegro não se vende por situações momentâneas, infligindo as normas e leis, prejudicando alguém por um motivo fútil e incoerente. A moral de uma pessoa não tem preço e é indiscutível.

O significado raiz desta palavra me remete as aulas de matemática onde aprendemos que um numero "INTEIRO" é completo. Já o oposto é uma "FRAÇÃO". Portanto, precisamos considerar que "INTEGRIDADE" aponta para plenitude, pureza, coerência, compromisso, etc. O inverso seria então fragmentado ou corrompido. É necessário salientar que quando falta integridade na vida de uma pessoa ela passa a ter duas caras, o seu caráter e a sua conduta passam a ser ambíguos. A pessoa sem "INTEGRIDADE" vive de uma maneira na igreja, de outra na sociedade e de outra no trabalho. Ela não possui equilíbrio nas suas posições. A Bíblia diz: "MELHOR É O POBRE ÍNTEGRO EM SUA CONDUTA DO QUE O RICO PERVERSO EM SEUS CAMINHOS" – Provérbios 28:6. É importante frisar que a integridade não tem preço, cor, razão social ou nacionalidade. Uma pessoa íntegra não anda preocupada, ela não precisa se valer dos famosos "JEITINHOS" para se safar de situações inusitadas criada pela sua conduta.

A decisão da formula um deste ano veio mostrar que a integridade é algo que deve ultrapassar as barreiras da disputa e da importância de um título. Alonso era considerado o virtual campeão. Mas os seus adversários o viam apenas como um concorrente e lutaram dentro da pista para conseguirem êxito nos seus intentos. Vettel, mostrando ser um atleta completo, integro e hábil na sua conduta conseguiu ser o campeão. Ele dominava com competência o seu carro.

A integridade na nossa vida tem semelhança com a conduta deste atleta. Se buscarmos um estado de força interior e de paz integral nós poderemos nos dar bem em nossa vida espiritual. Mas é preciso compromisso com a verdade. Precisamos ser completos em tudo, não apenas em algumas áreas específicas de nossa vida. Uma vida cristã estabelecida sobre a égide da Palavra de Deus exige que sejamos verdadeiros diante da sociedade e principalmente diante de Deus.

Há pessoas que vivem contemporizando na tentativa de justificarem as coisas erradas que fazem, elas passam uma idéia de perfeição, mas basta uma maré mais alta e a vida do cidadão vem à tona, ele se expõe.
Durante um bom tempo, convivi com certa pessoa em diversos ambientes, pois partilhávamos as mesmas atividades. Tratava-se de uma pessoa fácil de lidar porque ele se adaptava bem em qualquer contexto. Onde as pessoas estavam sérias e concentradas, ele agia assim. Onde havia agitação, ele punha "lenha na fogueira". Porém, onde havia uma atmosfera crítica e as fofocas preenchiam as conversas, ele se tornava o fofoqueiro de plantão. Isso começou a me preocupar e tive de me afastar dele, pois percebi que não se tratava de uma pessoa autêntica, mas alguém de "duas caras" – talvez, no caso dele, mais de duas –, de modo que ele não era um homem digno de confiança.

Infelizmente, esse é um problema vivido pela igreja moderna. A falta de convicção nas Escrituras e nos valores assentados pelo próprio de Deus, além de uma displicência geral para com o pecado e os riscos do mundanismo, tem gerado uma classe crescente de "crentes de duas caras", ou seja, um "homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos" (Tg 1.8). Três áreas são marcantes na manifestação desse caráter fraco.

A primeira delas se revela no convívio pessoal. A convivência cristã tem decepcionado muita gente que, confiando em "irmãos", são alvos de fofocas do pior tipo, de calúnias e até de golpes financeiros. Tenho um amigo que recentemente fez três negociações imobiliárias, duas delas com "crentes" e uma com um descrente. Somente na última é que ele recebeu corretamente o dinheiro da venda, enquanto ainda aguarda o crente de duas caras cumprir o que prometeu.

A segunda manifestação se dá na vida privativa. Longe de exibir sua segunda face no contato com terceiros, alguns crentes, ao se verem sozinhos, assumem uma nova personalidade e um novo caráter – não tenho certeza se é "outro" caráter ou se é o "único" caráter, mascarado diante dos outros pela hipocrisia. Mas o fato é que quem age assim segue rumos que ninguém que o conhece imaginaria.

A terceira surge, infelizmente, no campo teológico. A "salada de frutas" que a teologia contemporânea se tornou é um campo fértil para o surgimento de crentes de duas caras. Enquanto muitos apóstatas e hereges deixam as igrejas verdadeiras e fundam suas "arapucas" para pessoas simples, o crente de duas caras mantém sua posição original como membro e até líder de igrejas históricas, cuja marca sempre foi a firmeza teológica assentada sobre a Sã Doutrina. Apesar disso, eles não querem acolher a teologia ortodoxa e se lançam a apresentar suas heresias sob a capa da "sabedoria", acotovelando a ortodoxia até que ela seja deslocada do seu lugar cativo. Recentemente, um desses líderes disse ter rompido com o evangelicalismo – apenas oficializou o que suas pregações e artigos já diziam havia muito tempo. É uma tragédia quando alguém apostata desse jeito da verdade, mas é melhor fazer isso que, ainda apoiado nos galhos da igreja bíblica – como muitos "pastores" o fazem –, continuar ensinando mentiras como justificação e manutenção da salvação por meio de obras, insuficiência das Escrituras, salvação universal sem Cristo, aprovação da imoralidade e da infidelidade e até o famigerado "teísmo aberto", que ensina que Deus não conhece o futuro e que não guia a história do homem, nem da sua igreja. Fazem tudo isso sem deixar a igreja verdadeira, fundada sobre alicerces que repelem cada uma dessas heresias.

Vou dizer a verdade: precisamos acabar com esse hábito pernicioso de utilizar duas caras dependendo da ocasião. Ouçamos e valorizemos as palavras de Tiago: "Seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo" (Tg 5.12). É tempo de a igreja ter uma só cara, a do nosso Senhor, visto que "somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem" (2Co 3.18). E quem não quiser assumir as feições do Mestre, aquele que deu sua vida na cruz para nos salvar, que deixe as fileiras do exército terreno dos que viverão nos céus e passe a exibir somente uma face: a do mundo perdido. Mas se não quiser isso, segue, então, a santa orientação bíblica: "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração" (Tg 4.8).

Espero que ao ler o texto, você tenha entendido que nem todo cristão é falso. Devemos ser santos como Deus é, e nos consagrar sempre e quebrantar o nosso coração. Sejamos humildes.

Deus seja louvado!

Por: Marcos Rodrigues

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