O vapor, a flor e a eternidade
“Eia agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos e ganharemos. No entanto, não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece. Em lugar disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo.” (Tiago 4:13-15)
Qualquer um que já tenha visto um rio ou lago de manhã bem cedo, em tempo frio, deve se lembrar do belo vapor que se forma sobre a superfície das águas nos primeiros raios do sol, e que perdura por alguns minutos da manhã. Esse vapor dura, quando muito, algumas horas; e então, tão repentinamente quanto surgiu, se vai.
Tal é a descrição que a Bíblia faz da vida humana no texto acima — “um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece”. O salmista dá testemunho desse fato, da efemeridade da vida humana:
“Lembra-te de quão breves são os meus dias; de quão efêmeros criaste todos os filhos dos homens!” (Salmos 89:47)
Como Moisés também o faz:
“Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se os nossos anos como um suspiro. A duração da nossa vida é de setenta anos; e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, a medida deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente, e nós voamos.” (Salmos 90:9-10)
Assim, da mesma forma que a nossa vida é um vapor que desaparece ao sol, ela também é uma sombra debaixo do sol:
“Porque, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, durante os poucos dias da sua vida vã, os quais gasta como sombra? Pois quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?” (Eclesiastes 6:12)
Como se não bastasse o caráter efêmero e passageiro da vida humana, quanto à sua extensão, vivemos apenas o mais breve dos momentos, apenas o agora; pois o que já se passou é lembrança, e o que virá não temos como conhecer. Assim, se a duração da nossa vida humana já é pouca, a percepção da nossa consciência é infinitamente menor; porque o que de fato vivemos conscientemente nem mesmo pode ser medido, senão pela nossa percepção subjetiva; e quando percebemos, já é passado; sem nem vermos, chegamos ao futuro que desconhecemos; nossa consciência consiste sempre na transição do que é conhecido e imutável, o passado, para o que é desconhecido para nós, o futuro.
Assim, somos sempre confrontados com uma idéia a princípio desesperadora; a de que não há fim no tempo antes de nós, ainda que conhecido, nem depois de nós, este desconhecido; e que nossa vida inteira, frente a esse conceito, é como o momento ínfimo de realidade que vivemos em nossa consciência. Tal conceito transforma o maior dos tempos em apenas um instante, e paradoxalmente, um instante no maior dos tempos. Frente a essa dimensão, o tempo quase perde o significado; tal conceito é chamado de eternidade.
“Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs na mente do homem a idéia da eternidade, se bem que este não possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim. Sei que não há coisa melhor para eles do que se regozijarem e fazerem o bem enquanto viverem; e também que todo homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho é dom de Deus. Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada se lhe pode tirar; e isso Deus faz para que os homens temam diante dele: O que é, já existiu; e o que há de ser, também já existiu; e Deus procura de novo o que ja se passou.” (Eclesiastes 3:11-15)
Se adicionamos à nossa consciência transitória o conceito da eternidade, e acrescentamos ainda um caráter cíclico e repetitivo dos fatos, de forma que o passado volte a ocorrer ao menos em parte, e de forma que possamos esperar do futuro algo que já conhecemos, damos um limite mais suportável à vida humana, ainda que esse mesmo limite reafirme a eternidade na sua repetição. Tal é a necessidade dos dias, meses, e anos; tal é a necessidade de verão, outono, inverno e primavera; eles identificam e marcam nosso tempo, para não nos perdermos, ou na efemeridade da consciência, ou na imensidão da eternidade — ainda que reafirmem o caráter intrínseco desta última. Assim, há sempre algo que esperamos, ainda que de fato não conheçamos plenamente o futuro, já que Deus quis assim:
“No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” (Eclesiastes 7:14)
Assim Deus fez a nossa vida, efêmera, mas potencialmente repleta de significado; como o vapor que se desvanece, ela pode ser bela; como a flor do campo, ainda que murche, brilha por algum tempo. Pode haver nela significado ou não, dependendo de algo que, a despeito de não ser cíclico, sempre permanece, e transcende o tempo, o espaço, e a própria consciência humana:
“A glória do Senhor se revelará; e toda a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse. Uma voz diz: Clama. Respondi eu: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua beleza como a flor do campo. Seca-se a erva, e murcha a flor, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade o povo é erva. Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” (Isaías 40:5-8)
A palavra de Deus, como Deus, subsiste eternamente. Deus está em todos os momentos, passados, presentes, e futuros; jamais cíclico, mas sempre o mesmo; jamais ausente. Uma vida assim nos é oferecida na palavra encarnada de Deus, a saber, o seu Filho:
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; mas não quereis vir a mim para terdes vida!” (João 5:39-40)
E tal vida consiste, simplesmente, em conhecer o caráter último da eternidade, o Eterno — o próprio Deus.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” (João 17:3)
Assim, devemos aprender a oferecer cada momento que vivemos a Deus, princípio e fim último de todas as coisas; porque assim, cada momento que vivermos será cheio da eternidade de Deus, e a totalidade da nossa vida não será medida pelos dias ou anos que temos, mas pelo quanto conhecemos de Deus a cada suspiro, a cada respirar; porque conhecendo a Deus no agora é que O conheceremos para sempre.
“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6:33-34)
“E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer. A ele seja o domínio para todo o sempre. Amém.” (I Pedro 5:10-11)
“Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas.” (II Coríntios 4:16-18)
Deus seja louvado!
Por: Marcos Rodrigues
Qualquer um que já tenha visto um rio ou lago de manhã bem cedo, em tempo frio, deve se lembrar do belo vapor que se forma sobre a superfície das águas nos primeiros raios do sol, e que perdura por alguns minutos da manhã. Esse vapor dura, quando muito, algumas horas; e então, tão repentinamente quanto surgiu, se vai.
Tal é a descrição que a Bíblia faz da vida humana no texto acima — “um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece”. O salmista dá testemunho desse fato, da efemeridade da vida humana:
“Lembra-te de quão breves são os meus dias; de quão efêmeros criaste todos os filhos dos homens!” (Salmos 89:47)
Como Moisés também o faz:
“Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se os nossos anos como um suspiro. A duração da nossa vida é de setenta anos; e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, a medida deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente, e nós voamos.” (Salmos 90:9-10)
Assim, da mesma forma que a nossa vida é um vapor que desaparece ao sol, ela também é uma sombra debaixo do sol:
“Porque, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, durante os poucos dias da sua vida vã, os quais gasta como sombra? Pois quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?” (Eclesiastes 6:12)
Como se não bastasse o caráter efêmero e passageiro da vida humana, quanto à sua extensão, vivemos apenas o mais breve dos momentos, apenas o agora; pois o que já se passou é lembrança, e o que virá não temos como conhecer. Assim, se a duração da nossa vida humana já é pouca, a percepção da nossa consciência é infinitamente menor; porque o que de fato vivemos conscientemente nem mesmo pode ser medido, senão pela nossa percepção subjetiva; e quando percebemos, já é passado; sem nem vermos, chegamos ao futuro que desconhecemos; nossa consciência consiste sempre na transição do que é conhecido e imutável, o passado, para o que é desconhecido para nós, o futuro.
Assim, somos sempre confrontados com uma idéia a princípio desesperadora; a de que não há fim no tempo antes de nós, ainda que conhecido, nem depois de nós, este desconhecido; e que nossa vida inteira, frente a esse conceito, é como o momento ínfimo de realidade que vivemos em nossa consciência. Tal conceito transforma o maior dos tempos em apenas um instante, e paradoxalmente, um instante no maior dos tempos. Frente a essa dimensão, o tempo quase perde o significado; tal conceito é chamado de eternidade.
“Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs na mente do homem a idéia da eternidade, se bem que este não possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim. Sei que não há coisa melhor para eles do que se regozijarem e fazerem o bem enquanto viverem; e também que todo homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho é dom de Deus. Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada se lhe pode tirar; e isso Deus faz para que os homens temam diante dele: O que é, já existiu; e o que há de ser, também já existiu; e Deus procura de novo o que ja se passou.” (Eclesiastes 3:11-15)
Se adicionamos à nossa consciência transitória o conceito da eternidade, e acrescentamos ainda um caráter cíclico e repetitivo dos fatos, de forma que o passado volte a ocorrer ao menos em parte, e de forma que possamos esperar do futuro algo que já conhecemos, damos um limite mais suportável à vida humana, ainda que esse mesmo limite reafirme a eternidade na sua repetição. Tal é a necessidade dos dias, meses, e anos; tal é a necessidade de verão, outono, inverno e primavera; eles identificam e marcam nosso tempo, para não nos perdermos, ou na efemeridade da consciência, ou na imensidão da eternidade — ainda que reafirmem o caráter intrínseco desta última. Assim, há sempre algo que esperamos, ainda que de fato não conheçamos plenamente o futuro, já que Deus quis assim:
“No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” (Eclesiastes 7:14)
Assim Deus fez a nossa vida, efêmera, mas potencialmente repleta de significado; como o vapor que se desvanece, ela pode ser bela; como a flor do campo, ainda que murche, brilha por algum tempo. Pode haver nela significado ou não, dependendo de algo que, a despeito de não ser cíclico, sempre permanece, e transcende o tempo, o espaço, e a própria consciência humana:
“A glória do Senhor se revelará; e toda a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse. Uma voz diz: Clama. Respondi eu: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua beleza como a flor do campo. Seca-se a erva, e murcha a flor, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade o povo é erva. Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” (Isaías 40:5-8)
A palavra de Deus, como Deus, subsiste eternamente. Deus está em todos os momentos, passados, presentes, e futuros; jamais cíclico, mas sempre o mesmo; jamais ausente. Uma vida assim nos é oferecida na palavra encarnada de Deus, a saber, o seu Filho:
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; mas não quereis vir a mim para terdes vida!” (João 5:39-40)
E tal vida consiste, simplesmente, em conhecer o caráter último da eternidade, o Eterno — o próprio Deus.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” (João 17:3)
Assim, devemos aprender a oferecer cada momento que vivemos a Deus, princípio e fim último de todas as coisas; porque assim, cada momento que vivermos será cheio da eternidade de Deus, e a totalidade da nossa vida não será medida pelos dias ou anos que temos, mas pelo quanto conhecemos de Deus a cada suspiro, a cada respirar; porque conhecendo a Deus no agora é que O conheceremos para sempre.
“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6:33-34)
“E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer. A ele seja o domínio para todo o sempre. Amém.” (I Pedro 5:10-11)
“Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas.” (II Coríntios 4:16-18)
Deus seja louvado!
Por: Marcos Rodrigues
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