Deus permite um segundo casamento?


A Bíblia Permite Divórcio em Caso de Adultério?

Eu acho que não. Eu não acho que a Bíblia permita divórcio e novo casamento em hipótese alguma enquanto o cônjuge estiver vivo. Esta é minha radical, louca, conservadora, estrita, intransigente, muito necessária visão em nossa "cultura feliz" de divórcio.

A Bíblia permite divórcio em caso de adultério, mesmo se o adúltero se arrepende? Eu suponho que Mateus 5:32 e 19:9 estão por trás desta pergunta. Estas são as duas exceções no Novo Testamento: "Se um homem divorcia uma mulher, exceto por_______ [a palavra grega aqui é porneia] e se casa com outra, ele faz com que ela cometa adultério".

Porneia é às vezes traduzido como "prostituição", ou "imoralidade". Porneia mais comumente significa "fornicação", e é por isso que eu tenho essa interpretação diferente que muito poucas pessoas seguem. Eu acredito que aqui em Mateus esta palavra se refere à fornicação, ou seja, o sexo antes do casamento.

Ou seja, Jesus não está dizendo, ao proibir o divórcio e novo casamento, que um pecado sexual antes do casamento deve proibi-lo de se casar. E ele disse isso porque José e Maria estavam passando por esta situação em Mateus, que é o livro em que essas cláusulas de exceção aparecem. José pensou que Maria estivesse nessa situação, e por isso ele ia repudiá-la e não se casaria com ela, porque ele era um homem justo e não queria se casar. E Jesus está dizendo: "Eu não tenho essa situação em mente quando eu proíbo o divórcio."

Portanto eu não acho que há uma exceção para o adultério no Novo Testamento.

Mas, mesmo se você deixar de lado tudo o que acabo de dizer aqui, leia Efésios 5, onde está escrito: "Maridos, amai as vossas mulheres como Cristo amou a igreja".

Bem, a igreja já cometeu adultério alguma vez? Comete diariamente?

Então, como um marido cristão pode dizer a uma esposa penitente e adúltera: "Você fez isso, e quebrou o casamento! Acabou, e por isso estou indo oficializar no tribunal." Eu não consigo ver como qualquer marido cristão poderia falar ou se sentir desta maneira diante de uma esposa quebrantada e arrependida. E eu acho que mesmo que ela não esteja quebrantada e arrependida ele deveria esperar e esperar e orar e orar.

Eu li um livro escrito por Geoffrey Bromiley entitulado God and Marriage (Deus e Casamento), aproximadamente 120 páginas. Ele é dividido em duas sessões: O Deus Trinitário do Antigo Testamento e o Casamento, e O Deus Trinitário do Novo Testamento e o Casamento. E ele chama a atenção para o fato de que no Antigo Testamento todo casamento é um casamento apodrecido. São todos dolorosos. Ele considera o casamento de cada patriarca e mostra o quão horrível eles eram.

Tem poligamia envolvida, tem concubinas envolvidas. Todo casamento que você observar no Antigo Testamento é horrível! E não há divórcio em lugar algum do Antigo Testamento entre os patriarcas. Todos eles suportaram. Todos eles perseveraram bravamente. Mas era uma confusão só! Era horrível.

E Deus, no fim das contas, nunca se divorcia do seu povo. Há separações: ela vai para o exílio na Babilônia. E tem uma linguagem que é como um divórcio. É preciso ter cuidado em Jeremias! Ele diz que ele deu a ela uma carta de divórcio, mas não foi realmente isso. Ele mandou-a embora e, em seguida, ele disse: "Meu coração se aquece por você. Vou trazê-la de volta!" E também Oséias que ilustra isto ao se casar com uma prostituta.

Foi uma experiência realmente forte para mim, em uma certa fase do meu casamento, ouvir Bromiley mostrar com ilustração após ilustração quantos casamentos ruins havia no Antigo Testamento e como nenhum deles terminou em divórcio.



Queremos analisar cuidadosamente um versículo que tem sido citado nos esforços do homem em tentar encontrar uma base Bíblica para o divórcio. Mateus 19:9, que imediatamente se relaciona ao Deuteronômio 24:1-4, tem um trecho que fala da possibilidade de divórcio por fornicação. Mateus 19:9:

“Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.”

Muitos teólogos leem este versículo e rapidamente concluem que não pode haver divórcio, exceto em caso de fornicação. Nós já vimos em nosso estudo que não há razão Bíblica para o divórcio. Portanto, podemos Ter certeza que este versículo, Mateus 19:9, não permite o divórcio por fornicação ou qualquer outra razão. Se concluímos o contrário, teremos antes de nós uma grande contradição.

A Bíblia é um todo harmonioso. Enquanto pode ter afirmações que parecem contraditórias, sabemos que elas não são realmente contradições. Apenas parecem contradições porque nossa compreensão das passagens questionáveis permanece incompleta.

Refletiremos por um momento que devemos basear todo nosso entendimento sobre divórcio e casamento neste único versículo, Mateus 19:9. O que entenderíamos?

Mateus 19:9 aparentemente ensina que um homem pode se divorciar de sua esposa por fornicação. Mas observe: não há sugestão de que a esposa possa se divorciar do marido por fornicação deste. Não há nem mesmo a mais sutil implicação ou indicação de que a esposa possa se divorciar do marido. De fato, em nenhum lugar da Bíblia há qualquer afirmação que ensine que a esposa pode se divorciar do marido. O versículo também não justifica que o marido se divorcie da esposa por qualquer razão, exceto fornicação.

Além disso, Mateus 19:8 nos ensina que Moisés permitiu ao marido se divorciar de sua esposa fornicadora apenas porque o marido possuía um coração duro: “Jesus respondeu: Moisés permitiu o divórcio porque vocês são duros de coração. Mas não foi assim desde o início.”

O termo “dureza de coração” se refere a alguém que não foi salvo, alguém que está em rebelião contra Deus.

Logo, se alguém insistir nos argumentos de Mateus 19:9 sem observar nenhum outro ensinamento da Bíblia, o que podemos ver neste versículo é que um marido poderia se divorciar de sua esposa apenas em caso de fornicação, e tal divórcio seria a indicação de um marido rebelde espiritualmente falando. Portanto, mesmo baseando -se em Mateus 19:9, nenhum verdadeiro filho de Deus poderia sequer aprovar o divórcio. Ao contrário, deveria pensar que ele é chamado a perdoar sua esposa pelo pecado da fornicação do mesmo modo que deve perdoar qualquer outro pecado.

Quando consideramos o que os teólogos modernos têm feito com este versículo, deveríamos ser céticos quanto às suas conclusões, pois quando eles afirmam que o divórcio pode ocorrer devido à fornicação, imediatamente pode-se concluir que não apenas o marido pode se divorciar da esposa, mas também a esposa do marido. Nem este nem nenhum outro versículo na Bíblia permite que a esposa se divorcie do marido. Portanto, quando ouvimos tais ensinamentos, devemos suspeitar de que está havendo grosseira violação do real significado deste versículo.

A Bíblia ensina que fornicação é base para o divórcio?” A resposta é enfaticamente ‘não!

Em Mateus 19:8, Jesus enfatiza duas importantes verdades. Primeira, essa lei foi criada para que Deus tivesse a possibilidade de se divorciar de Israel por sua rebelião espiritual, sua dureza de coração. Segunda, Ele está indicando que isto não faz parte dos Seus planos para o casamento humano, pois “não foi assim desde o início”.

Jesus enfatiza em Mateus 19:8 que um homem não deveria se divorciar de sua esposa por fornicação, pois não faria nenhum sentido que nosso Senhor reintroduzisse no próximo versículo a lei que Ele acabara de rescindir.

Uma interpretação correta de Mateus 19:9 fica próxima se formos à sentença que abre o parágrafo, em que Mateus é encontrado. Em Mateus 19:3 lemos: “Alguns fariseus se aproximaram de Jesus, e perguntaram, para o tentar: É permitido ao homem divorciar -se da mulher por qualquer motivo?” Jesus respondeu no versículo 6: “o que Deus uniu, o homem não deve separar”.

No versículo 7 os fariseus perguntaram sobre o Deuteronômio 24:1, que permitia o divórcio por fornicação. Jesus responde sua questão no versículo 8 e indica que o Deuteronômio 24:1 foi anulado.

No versículo 9 Jesus retorna à questão original dos fariseus: pode um homem se divorciar de sua esposa por qualquer motivo? No versículo 8 Ele mostra que fornicação não deveria ser uma causa para o divórcio. No versículo 9 ele cobre quaisquer possíveis razões que não a fornicação e mostra que nenhum motivo justifica o divórcio. Efetivamente, Ele diz no versículo 9, “que se divorciar de sua mulher, a não ser em caso de fornicação (que como vimos no versículo não é uma causa válida para divórcio), e casar-se com outra, comete adultério.”

Em Mateus 19:9, Jesus simplesmente cobre quaisquer outras possíveis causas para o divórcio além da fornicação. Esta última já foi eliminada no versículo 8.

A remoção da fornicação como causa para o divórcio chocou tanto os discípulos que eles disseram a Jesus no versículo 10: “Se a situação do homem com a mulher é assim, então é melhor não se casar.” Eles aparentemente não vislumbravam um casamento em que o marido tivesse perdido o direito de se divorciar de sua esposa. Os discípulos estavam perplexos e consternados pelo fato de que não poderia haver divórcio.. sua reação às afirmações que Jesus fez em Mateus 19:4-9 ressaltam o fato de que Jesus anulou as leis do Deuteronômio 24:1-4.

A aplicação terrena das leis cerimoniais tem fim com a vinda de Jesus, e a aplicação da lei cerimonial que trata do marido se divorciando de sua esposa fornicadora também tem fim com Sua vinda. De fato, não apenas a aplicação física desta lei tem fim, como a espiritual também.

A última metade de Mateus 19:9, “e casar-se com outra, comete adultério.” está em exata consonância com Lucas 16:18. Vemos em Lucas 16:18, Mateus 5:32 e Marcos 10:11-12, que Deus disse que um homem não deveria desposar outra mulher após o divórcio, e quem quer que se casasse com a esposa divorciada cometeria adultério. Claramente a lei afirma que enquanto viver, a esposa não deve se casar novamente depois do divórcio.

A Bíblia registra que quando José, padrasto de Jesus, pensou que Maria havia fornicado porque ela estava grávida, ele , como homem que era, tentou se divorciar (Mateus 1:19). O fato de que a Bíblia diz que ele “era um homem” ressalta o fato de que Deus estava absolutamente sagrado e correto, quando Se divorciou de Israel como nação. Deus não poderia se divorcia deles como indivíduos pois não estava casado com eles neste nível. Deus não poderia se divorciar deles pois a lei diz que não importa quão adúltero o homem seja, ele permanece sob a lei de Deus, tal qual a esposa permanece sob o domínio do marido.

Deus usou a nação de Israel para mostrar vários tipos e figuras que eram sombras da realidade espiritual que deveria ser consumada em Cristo. O casamento de Israel com Deus era uma figura do casamento de Cristo com a Igreja eterna. Deus desposou Israel quando esta não era nada, e o crente se tornou a noiva de Cristo quando estava espiritualmente morto em seus pecados. Deus evidenciou seu amor por sua esposa, a nação de Israel, através de bênçãos físicas e espirituais, e as bênçãos espirituais estão presentes em Sua eterna noiva, os que realmente acreditam em Cristo.



John Piper é fundador e professor do desiringGod.org e chanceler do Bethlehem College & Seminary. Por 33 anos, ele serviu como pastor da Igreja Batista Bethlehem, Minneapolis, Minnesota. Ele é autor de mais de 50 livros, incluindo Desiring God: Meditations of a Christian Hedonist e, mais recentemente, Providence.

Sites de fontes de pesquisa: 

www.desiringgod.org

missaoaupe.com.br


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